A manhã do segundo dia do Encontro Latino Americano de Mulheres – ELLA começou com uma roda de conversa sobre comunicação, prevista na grade aberta, e uma roda de conversa sobre as questões urgentes para as mulheres na América Latina, pauta que surgiu nas dinâmicas do primeiro dia e se estendeu até o fim da tarde.
Na roda de conversa sobre comunicação, algumas participantes deram relatos de ações que já articulam e a partir disso foi discutida a narrativa viciada de redes midiáticas hegemônicas e as propostas de veículos independentes, a problematização e disputa dos imaginários suscitados, além da análise crítica de estruturas que cheguem a ser combativas às mídias hegemônicas. Foi encaminhada a incorporação dos emails das participantes à uma lista de mídia independente feminista nacional visando o fortalecimento de rede de contatos.
Além disso, foi apresentada a proposta de lei de iniciativa popular para democratização da comunicação através da coleta de assinaturas, cujo conteúdo completo encontrase no site www.paraexpressaraliberdade.org.br.
A roda de conversa sobre as urgências das mulheres da América Latina contou com a presença de mulheres da Bolívia, Perú, Guatemala, Equador, Argentina, Uruguai e Brasil e se focou durante a parte da manhã no levantamento de questões comuns entre as mulheres presentes. Alguns dos pontos levantados foram a violência, os direitos sexuais e reprodutivos, a comunicação, a juventude, a educação, os direitos políticos e os direitos trabalhistas. Ficou deliberado que será escrito um documento comum até o final do encontro, para divulgação interna entre os movimentos presentes no Encontro. No período da tarde, cada mulher deu um relato da situação de gênero em seu país e a relação com os atuais governos.
Durante a tarde também aconteceu o espaço Relatos de Experiências. Houveram relatos
sobre transexualidade através da projeção do filme Antonella, sobre o extermínio dos povos ciganos, a experiência de Tânia, boliviana que conta sobre oficinas de cinema, fotografia e cineclube realizado com mulheres de baixa escolaridade de Copacabana, abordando a violência doméstica.
A experiência de Pilar, colombiana, desenhista e comunicadora social que faz parte de um coletivo que trabalha com a descolonização de mulheres através da difusão de imagens que valorizam as mulheres da terra. Angela Maria fala sobre o mito da democracia racial no Brasil, o racismo institucional e reforça que a mulher negra é detentora do saber da agroecologia, relacionando os territórios dos quilombos, terreiros e quintais de favelas através da análise das plantas. Além disso, Angela Maria discorre sobre o processo de invisibilidade do conhecimento feminino.
No final da tarde e início da noite aconteceu uma grande roda de conversa sobre Movimento Negro e Etnias, onde foram projetados curtas metragens que abordam o tema, disparando o debate sobre as realidades de discriminação e violência presentes ainda hoje, além dos relatos de identificação, afirmação e resistência dos indivíduos e movimentos.
A noite se encerrou com um duelo de mcs na Praça da Estação, com representantes do rap local e internacional improvisando rimas. Após o duelo aconteceu a festa Chicas Libres La Fiesta de Las 300 Minas, no Soleá Tablao.